segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Comissão da Câmara rejeita projeto moralizador

Projeto de lei de minha autoria proíbe as contratações e nomeações de pessoas para cargos de livre provimento nas subprefeituras, exceto nos casos de subprefeito e chefe de gabinete. Para todos os demais cargos, a administração pública deve se valer do quadro efetivo ou realizar concurso de provas e títulos. O projeto foi considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal. Lamento por essa decisão, pois o projeto visa moralizar as contrações feitas pela Prefeitura. Estou recorrendo ao plenário, como permite o regimento interno da casa, mesmo sabendo que os vereadores não costumam reverter decisões tomadas pelas comissões permanentes.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Lula, candidato a governador ou a senador?

Carlos Apolinario
           
            Logo no inicio do governo da presidente Dilma Rousseff, começaram a especular que, em 2014, o presidente Lula estaria de volta. Porém, a cada dia que passa, a presidente Dilma está se consolidando, tanto internamente como externamente, e fazendo história como a primeira mulher a discursar na abertura de uma assembleia-geral da ONU. Ela foi também capa da segunda mais importante revista do mundo, a Newsweek, e está conseguindo criar um governo com sua cara, sem se afastar do seu criador, que continua como seu protetor. Parece até que os dois combinaram: Dilma cuida do governo, e Lula da política, principalmente cuidando do PT, que dá muito trabalho.
         Como Lula é um ser político e gosta do que faz, ele vem articulando em todo o Brasil as candidaturas do PT e suas coligações. No caso da capital de São Paulo, atropelou até a candidatura da senadora Marta Suplicy, e indicou Fernando Haddad candidato a prefeito. Levando em consideração que Lula não vive fora da política e que Dilma será candidata à reeleição, é difícil imaginar que Lula ficará oito anos sem mandato.
         Nesse sentido, restaria a ele duas hipóteses: ser candidato a governador de São Paulo ou, mais provável, a senador. Até porque, no Senado, já temos dois ex-presidentes -- caso Itamar Franco estivesse vivo, seriam três. O ex-presidente Lula não pode esperar até 2018, quando estará completando 73 anos de idade, para ter um novo mandato, pois, em oito anos, o eleitorado muda muito, o que dificultaria a sua volta.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Folha de S. Paulo" publica entrevista realizada comigo

A reportagem saiu no caderno Ilustrada, coluna Mônica Bérgamo, na edição da Folha de S. Paulo deste domingo, 4 de setembro de 2011:

MÔNICA BERGAMObergamo@folhasp.com.br
APOLINÁRIO NO SALÃO

O vereador que criou o Dia do Orgulho Hétero diz que se casou virgem, lamenta ter sido chamado de "feio" e afirma que é hora de se aposentar

Lalo de Almeida/Folhapress
Carlos Apolinário com seu cabeleireiro, Régis Marciliano, no salão de beleza que frequenta, na zona norte de SP

O vereador Carlos Apolinário, 59, coloca o CD de seu filho, Claudio Apolinário, no som instalado no segundo andar da cobertura de 280 m² em que vive com a mulher, Dalva, no bairro de Santana. Do aparelho surge a voz grave do jovem, que é pastor evangélico, interpretando a canção que fez para o pai: "Papaai, como eu admiro você/ Pois você me ensinou a viver esta vida/ Me ensinou a sorrir, me ensinou a lutar/ Me ensinou a sonhar e até mesmo a chorar/ Papaai...".


 


"Eu não gosto de pensar nisso porque eu não tenho um filho homossexual", diz Apolinário, autor do projeto que criava o Dia do Orgulho Heterossexual, e que foi vetado na semana passada pelo prefeito Gilberto Kassab. Além de Claudio, que é casado e tem três filhos, ele é pai de Carlos Apolinário Junior, solteiro aos 37 anos.


 


"Eu não ia ficar contra o meu filho. Eu continuaria amando. Mas, ainda que fosse uma filha com o namorado: precisa ficar dando beijo de língua na frente da família? Espera eu sair!"
Para o vereador, "os gays viraram uma categoria especial de ser humano. Eles não querem esperar a sociedade evoluir e se acostumar com essa questão, que é nova. Acham que todo mundo tem que engoli-los."


 


Ele troca o CD do filho pelo da mulher. "Aleluia, Aleluia/A Deus Jeová", canta Dalva. "Eu tinha 16 anos quando fui na casa do meu sogro, em Vila Medeiros (zona norte), pedir ela em namoro." Em dezembro, comemoram 39 anos de união. "Eu me casei virgem", diz Apolinário.
Percebe a incredulidade. "Tô te falando que ela foi a primeira!". E única, afirma.


 


"Sou gamado nessa mulher. Ó que bonita que ela tá ainda!" "Ainda?", rebate Dalva, enquanto arruma a mesa do café da manhã. Apolinário toma uma colher de sobremesa de azeite puro. "É a gordura de que preciso no dia." Come frutas e toma Isopure, complexo vitamínico que ajuda a ganhar músculos. Ingere 12 pílulas de ômega 3.


 


Há alguns anos, ele decidiu mudar o visual. "Sabe que já perdi muito voto por isso? As pessoas acham que eu não sou eu. Mas sabe aquelas coisas que te dão vontade de fazer?"
Perdeu 27 kg depois de frequentar uma clínica adventista. Fez cirurgia da vista com laser e abandonou os óculos. Corrigiu as pálpebras. Tirou o bigode. "Aí, olhei no espelho e falei: vou dar um trato no cabelo."


 


É quando surge em sua vida o cabeleireiro Régis Marciliano. "Estou há oito anos com ele. Já troquei de quatro salões atrás dele."


 


Régis já foi citado em vários jornais. O cliente famoso invocava seu nome para provar que, apesar do Dia do Hétero, não tinha preconceito, já que o cabeleireiro é gay.
"Ele me abraça, me beija", repetia. Antes de ir para o seu escritório no edifício Joelma, no centro, o vereador concorda em dar uma passada no salão de Régis. "Eu só peço que vocês não o fotografem. Os gays radicais podem fazer passeata em frente ao salão." Apolinário dirige uma perua Toyota blindada.


 


"Convivo aqui com 12 gays, toda sexta (dia em que Apolinário faz mão, pé e massagem relaxante). Me beijam, me respeitam, eu os respeito." Um profissional o cumprimenta.
"Esse é gay. Nem parece, né?", cochicha. Régis se aproxima. Se beijam no rosto.


 


O cabeleireiro não vê problema em ser fotografado. "Eu adoro o Apolinário. Eu sempre falo: "Gente, se tem o dia do gay, do negro, do índio, desse povo todo, por que não o do hétero?"
Mas Régis é contra todas as datas. "No Dia do Hétero, a gente vai comemorar o quê, Apolinário?" "Régis, o Dia do Hétero é uma besteira. Eu apresentei para discutir os excessos dos gays. Mas respeito o ser humano gay."


 


Régis conta que já sofreu agressão e que, na década de 80, gay "tinha que correr da polícia". Hoje, diz, "não mais". É por isso que ele é contra a Parada Gay. "Eu ia porque o gay tinha uma causa. Hoje não precisa. Tá na novela, nos shoppings. A Parada tem um sentido puramente comercial." Para Apolinário, "tirando aqueles casinhos na avenida Paulista, não tem mais agressão a gay"


 


Apolinário se despede: "Eu não te disse que meu cabeleireiro era um doce?".


 


Na polêmica do Dia do Hétero, o novelista Walcyr Carrasco escreveu em seu blog que "esse tipo de projeto sempre é inventado por gente feia". Outro jornalista disse: "A julgar pelo resultado daqueles cabelos negros [de Apolinário] como a graúna", seu cabeleireiro era um "profissional de duvidosa competência".


 


"Eu não me acho bonito. Mas eles estão me discriminando. Isso é argumento?" Além dos gays, diz, "tem discriminação com o gordo, o negro, o feio, o religioso. Eu sou o cara mais discriminado, sabia? Sempre escrevem 'Apolinário, evangélico'".


 


Diz que decidiu disputar eleições porque via os políticos fazerem campanha na igreja Assembleia de Deus da Vila Medeiros, que frequentava. "Eles sumiam depois. Pensei: por que não um candidato da própria igreja?"


 


Foi eleito deputado estadual, federal, vereador. Chegou a governar o Estado em 1992, quando presidia a Assembleia Legislativa e substituiu o então governador Fleury por dez dias.


 


Já na política, comprou a Rádio Vida. E arrenda a Rádio Musical, cujos horários aluga para igrejas evangélicas. Já teve programa nas emissoras. Na época da campanha, cabos eleitorais distribuem seu material "nas 20 mil igrejas evangélicas de SP". Ele explica: "Igreja católica tem uma em cada bairro. Se todos quiserem rezar, não tem lugar. Na favela você entra e tem meia dúzia de igrejas evangélicas. Sempre vai ter uma cadeirinha para o fiel que queira ir ao culto."


 


Ele diz que, no próximo ano, vai se aposentar. "Político virou sinônimo de tudo o que não presta. Um erra, todos pagam." Em 2010, foi considerado o pior vereador de SP pelo Movimento Voto Consciente. Tirou 0,42 na avaliação dos 20 projetos de sua autoria.


 


A imprensa, diz, "tem parcela de responsabilidade. Se um político tem um projeto bacana, ninguém fala. Se outro faz coisa errada, vira manchete". Conta que, numa entrevista a uma rádio, o locutor perguntou: "O senhor não tem nenhuma ideia melhor que o Dia do Hétero?".
"Tenho", respondeu. "Mas vocês só perguntam disso!"


 


Aprendeu com os anos que sucesso mesmo fazem propostas como o Dia do Hétero, que virou notícia até na americana Fox News.


 


Deu trabalho passar o projeto na Câmara Municipal. Os 55 vereadores têm um acordo informal para que todos aprovem duas propostas de cada um deles por semestre, num total de 110 -muitas são votadas sem que a maioria saiba de que tratam.


 


O projeto de Apolinário, de 2005, nunca entrava em pauta. Ele então se rebelou. E se inscreveu para comentar todos os projetos dos colegas, cada um durante meia hora. Em uma semana, falaria por 20 horas. Nas primeiras duas horas, venceu pelo cansaço. E o Dia do Hétero foi aprovado.


 


Com o veto do prefeito Gilberto Kassab, ele considera o assunto "encerrado". Vai agora lutar pela proibição da Parada Gay na avenida Paulista.

" Convivo aqui com 12 gays, toda sexta. Me beijam, me respeitam, eu os respeitoEu não te disse que meu cabeleireiro era um doce?"


" Eu disse ao pastor: o senhor gasta R$ 400 mil [em quatro anos de despesas da igreja] para dizer que Jesus é bom. Eu, R$ 200 mil na eleição pra dizer que sou bom"