segunda-feira, 16 de abril de 2012

A verdade ampla, geral e irrestrita

No mundo hoje, com todo respeito àqueles que se dizem ideológicos, a questão esquerda e direita é apenas de sinal de trânsito. Por quê? Tomem como exemplo Ribeirão Preto, que tinha o governo de Antônio Palocci. Ele era um político considerado de esquerda, mas privatizou o serviço de água e esgoto e o de coleta de lixo. Como todos sabem, privatização é uma medida tipicamente de direita.
A presidente Dilma Rousseff também é uma política de esquerda. Na juventude, foi presa, torturada e passou anos na cadeia. Com inegável atuação na chamada esquerda política, ela acaba de privatizar os aeroportos. Ela não é mais de esquerda?
No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso - que apoiei e do qual sou admirador - houve a privatização da Telesp, empresa vista na época como estratégica e importante para a segurança nacional. Mesmo assim, o presidente Fernando Henrique Cardoso, juntamente com o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, privatizou a empresa e toda a telefonia do País. Do ponto de vista ideológico, essa é uma ação de direita.
Estou falando do ponto de vista ideológico, e não moral, de cada governo. Do ponto de vista ideológico, Paulo Maluf fez privatizações; Fernando Henrique fez privatizações e o governo do PT, em várias cidades brasileiras, faz privatizações. Por esse critério, todos os governos seriam de direita.
Governos que privatizam o setor de transportes também poderiam ser tidos como de direita, pois, segundo a ideologia da esquerda, o setor de transportes deve ser público, comandado pelo Estado. Quando se vive em uma cidade em que milhões são retirados dos cofres públicos e colocados nas empresas particulares de transportes públicos e em empresas de serviço de coleta de lixo, podemos dizer que ela está também sob uma ideologia de direita.
Portanto, hoje vivemos uma época interessante: a esquerda toma decisões que seriam de direita, e a direita toma decisões que seriam de esquerda. Esquerda e direita perderam o sentido original.
Diferente, entretanto, é a questão dos direitos humanos. Esta não tem ideologia. A tortura é condenável sob qualquer ângulo, não importa se praticada por governo dito de direita, de esquerda ou por qualquer outro. Isso se chama desumanidade, e não aceito, como político e muito menos como cristão, porque aprendi, na Bíblia, que devo amar até mesmo os meus inimigos.
Em relação à Comissão da Verdade criada na cidade de São Paulo, a imprensa registrou meu voto contrário na Câmara Municipal, mas não informou as razões que me levaram a tomar essa posição. No ano passado, quando se estava discutindo a criação da Comissão da Verdade em âmbito nacional, disse à ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que eu era favorável. Fiz esta manifestação quando ela visitou a Câmara de São Paulo.
Mas não imaginei a possibilidade de se fazer revanchismo e procurar tirar a paz do nosso país, e começar uma nova caça às bruxas. Imaginei que a Comissão da Verdade iria reunir um grupo de pessoas, que conhece a história do nosso país, para contar a verdade.
Mas a verdade é contar o que aconteceu dos dois lados. Se, do lado dos militares, houve aquele que torturou, divulga-se o nome do torturador, do torturado e os meios utilizados.
Assim, eu, que não vivi tanto a época, porque tinha 12 anos, vou conhecer o nome de pessoas que, mesmo sendo de esquerda, passaram por momentos terríveis. Mas, ao mesmo tempo, gostaria de ver, nessa história, por exemplo, o registro detalhado sobre a morte de um soldado que estava na frente do quartel quando uma bomba explodiu. A comissão deve procurar dizer quem detonou essa bomba e por quê.
A comissão deve procurar dizer quem foi morto por militares, mas também que militares foram mortos. É um trabalho de grande valor histórico, que pode resultar num livro, que gostaria de entregar a meus netos e bisnetos. Também é preciso responder por que houve o movimento militar de 64 e o que aconteceu em cada governo militar.
O País está tranquilo, cresce e a atual presidente está com 77% de aprovação popular. A estabilidade política e econômica favorece o trabalho da Comissão da Verdade. Mas, se for para discutir as ações de apenas um lado do movimento de 64, não teremos a Comissão da Verdade, mas uma ação política para tirar a paz e a tranquilidade. Estamos em uma democracia e queremos continuar assim.
Se a comissão em Brasília perseguir a verdade, terá meu apoio. Mas não vejo em que uma comissão no nível municipal pode contribuir para o resgate da história do Brasil. Pelo que vejo, a preocupação de alguns na Câmara Municipal não é buscar a verdade, mas arrumar um palanque eleitoral. Afinal, faltam seis meses para as eleições e vamos criar um palanque para poder falar que estamos buscando a verdade.
Quais os instrumentos que temos para buscar a verdade? Ir ao cemitério de Perus resolverá a questão? Ou será apenas a oportunidade para alguns se manifestarem? Para mim, seria mais produtivo apoiar a Comissão em Brasília, para que ela não se desvie de sua finalidade – buscar a verdade. E evitar que um tema tão delicado à nossa Nação seja usado como bandeira para conquistar votos.

Um comentário:

  1. bandilma ducheff teve muito pouco do que mereceu. Deveria ter sido morta, assaltante de bancos, bandidos têm que morrer. Instituto a mulla da silva? Ah!, faça me o favor, já não basta a vergonha de tê-lo tido como presidente? Nos poupe, por favor, vá fazer algo pela educação dos nossos brasileirinhos, que precisam ter boa qualidade de ensino e não pensar que vai a escola, para comer merenda. Vá fazer pela saúde pública. Chega este bandido do mulla da silva, já roubou muito, ainda quer disperdiçar dinheiro com instituto? Some do Brasil.

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