segunda-feira, 14 de maio de 2012

POR QUE SÓ OS EVANGÉLICOS?

Carlos Apolinario
            O jornal O Estado de São Paulo publicou reportagem com o título “Ministério Público vai investigar eventos religiosos”. Para mim, investigação é feita para procurar criminosos. Será que os promotores os buscam ao investigar um evento como o realizado pela Igreja Mundial do Poder de Deus domingo passado, 6 de maio, em que se reuniram pelo menos 800 mil pessoas?
            Não tenho nada contra o Ministério Público. Tanto é assim que, quando presidi da Assembleia Legislativa, ajudei a aprovar leis que deram prerrogativas aos promotores. Porém fico preocupado quando tomo conhecimento de que uma instituição tão importante como a deles decide investigar igrejas.
            São Paulo, com 11 milhões de habitantes, tem eventos como a Fórmula Indy, o Carnaval e a Parada Gay. Há também eventos menores, como a Marcha da Maconha, realizada na avenida Paulista. Não li nenhuma notícia de que o Ministério Público decidiu investigar os organizadores desses eventos.
            Parece existir no Ministério Público um movimento para impedir concentrações evangélicas em São Paulo. Reconheço que nem todos os promotores pensam assim. Também não é só o Ministério Público que demonstra má vontade. Soube pela imprensa que o prefeito Gilberto Kassab teria mandado recado aos evangélicos: a partir de 2013, só poderão realizar reuniões aos domingos. Segundo o que foi publicado, quando for construído o centro de exposições em Pirituba, o chamado Piritubão, as concentrações evangélicas deverão ser feitas lá.
            Entendo que o prefeito está errado em tentar colocar os evangélicos numa espécie de gueto. Há pouco tempo, um acordo entre o Ministério Público e a prefeitura manteve a Parada Gay na avenida Paulista, e retirou de lá a Marcha para Jesus. Ou seja, Tiraram Jesus da Paulista e mantiveram a Parada Gay. Agora, segundo a notícia, querem mandar para Pirituba eventos como a Marcha para Jesus. E a Parada Gay continuará na Paulista?
A Folha de S. Paulo, que ao lado de O Estado de S. Paulo é um dos maiores jornais do país, os quais admiro e respeito, noticiou “Praça Heróis da FEB é danificada após eventos”, com uma foto mostrando lixo. Na praça, a Força Sindical comemorou o Dia do Trabalhador e a Igreja Mundial realizou grande culto.
Na Virada Cultural, que apresentou várias atrações, também houve grandes concentrações. Será que, depois da apresentação dos cantores, também não se acumulou lixo? A imprensa não publicou nada a respeito, embora todos saibam que, onde ocorrem shows, fica sujeira. É natural, mas só se transforma em notícia quando o público é evangélico.
Segundo a imprensa, o Ministério Público processou o prefeito Kassab e o pastor José Wellington, presidente da Assembleia de Deus, pelo uso do Pacaembu para a comemorar os 100 anos da igreja, em novembro de 2011. Na ação, o promotor exige o pagamento de multa no valor de R$ 50 milhões, divididos em partes iguais entre o prefeito e o pastor.
O encontro teve a presença do governador Geraldo Alckmin e de outras autoridades, e terminou no horário permitido pela lei do silêncio. Mesmo assim, o Ministério Público diz que a utilização do estádio foi ilegal. O Pacaembu já foi palco de cantores famosos, como Madonna. Será que tentaram multar a Madonna em R$ 50 milhões pela realização do show?
A balança pende para um lado. Os jornalistas deveriam verificar se são verdadeiros os registros de que, durante os cultos, um cego sai enxergando, um paralítico sai andando, um leproso ou aidético ficam curados. Se uma pessoa diz que era cega e foi curada, é fácil saber se é verdade. Basta ir à sua casa, entrevistar os parentes e vizinhos, e verificar os exames. Se for mentira, o pastor é um estelionatário. Mas, se for verdade que a pessoa foi curada -- pela fé, não pela ação do pastor, porque quem cura é Deus --, a imprensa deve publicar.
            Coisas boas acontecem durante as festividades da igreja, mas só se vê o lado negativo, sempe com má vontade. Veja o exemplo da Renascer. A igreja transformou um antigo cinema em templo, e errou ao não fazer a manutenção correta do telhado, que caiu e causou mortes. Os pastores têm de ser responsabilizados pela falta de cuidado, mas não se justifica a proibição da Justiça para a reconstrução do templo. Querem antes estudos de impacto na região. Mas já existia um templo no local!
            Se o teto de um supermercado cair, como já aconteceu, será exigido estudo de impacto para reconstruí-lo? Creio que não. Já para o caso da igreja, a exigência está sendo feita. Por quê? Com todo o respeito aos críticos, na minha opinião existe preconceito e até perseguição contra os evangélicos.
            O evangélico não deve ter privilégios, mas também não pode ser discriminado. Evangélico não pode tudo, pois a cidade também é do católico, espírita, umbandista e do ateu, e todos precisam ser respeitados, e nas grandes concentrações, sejam evangélicas ou não, todos os esforços devem ser feitos no sentido de proteger o patrimônio público e evitar problemas de trânsito.
            Carlos Apolinario, empresário e vereador em São Paulo, já foi deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa e deputado federal.

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